Aparando arestas

domingo, 18 de abril de 2010

teia

Tenho um vaso de pimentas vermelhas.
Elas me lembram uma boca,
que me lembra desejo
que me lembra um corpo
que me lembra volúpia
que me lembra vulcão
que me lembra calor
que me lembra verão
que me lembra rio de janeiro
que me lembra praia
que me lembra sol
que me lembra sal
que me lembra camarão
que me lembra pimentas vermelhas.

Pão de Batata da Dona Selma

A senhora minha mãe é uma mulher prendadíssima e
tem uma receita de pão de batata que é algo!!!

Anote aí:

1 Kg de batata descascada cozida com
1 colher de sopa de sal
40 gramas de fermento granulado ou
50 gramas de fermento em pasta
1 copo americano de açúcar
1 copo americano de óleo
4 ovos inteiros
1 kg de farinha de trigo

Coloque a farinha em uma tigela ou em uma superfície de mármore.
Faça um buraco no centro e vá despejando todos os outros ingredientes.
Sem medo nem frescura!
Misture tudo muito bem e depois castigue a massa.
Bata, bata, bata muito. Soque e sove até que a massa esteja lisa e uniforme.
Molde os pães como quiser: redondinhos, compridinhos, esculturas pós-contemporâneas... enfim, como achar melhor.
Vá colocando os pães em uma assadeira untada.
Asse até ficarem douradinhos.
Cuidado pra não queimar a bundinha deles!
Retire do forno e pincele com manteiga ou margarina!

Depois é só passar um café e convidar os amigos!

crime hediondo

(...)"Existem tantas esperanças no coração das mulheres que amam!
São necessárias muitas punhaladas para as matar;
elas amam e sangram até o fim".


Balzac em A mulher abandonada

One night stand

Há horas em que a gente só deseja a nossa cama.
Nosso quarto, objetos pessoais e
que falta faz uma escova de dentes...
Entretanto, dormir fora de casa tem suas vantagens.
Há sempre algo a ser descoberto entre as cobertas,
pequenas novidades tão banais na vida de qualquer um e
é nesse instante que a gente se dá de conta de
como as coisas que consumimos nos consomem
a partir do momento em que passam a ser algum tipo de referência pessoal.
O tamanho do seu refrescante bucal em cima da pia do banheiro,
quadros, fotos, estantes... segredos.
Milhões de segredos e a única certeza de que nunca irei descobri-los.
One night stand e nada mais.

Das fossas onde estive

Acabei de acordar e percebi que na desordem da casa, perdi os sapatos e os sentidos. Uma noite longa de sono entorpecido e acordo com frio.
Não tinha antes aqui um braço?
Não reconheço o espaço e de pronto não me lembro quem sou e o que estou fazendo aqui. Uma rápida mirada no espelho traz de volta a recordação que se fez esquecida. Olho, lembro e me lembro de porque o quis esquecer. Talvez esquecendo de mim mesma, possa deixar de lembrar de você. Estou auto-hipnotizada... O corpo entregue ao vazio, um cigarro queimando sozinho entre os dedos e de repente desvendo o mistério da mulher do quadro de Manet... A estufa é essa sala e sei o que ela não sente sentada absorta no não lugar dos seus pensamentos.
Nunca imaginei dizer isso, mas acho que quero minha vida de volta tal qual pensava existir há dez dias atrás. O que eu faço para tê-la de volta? Quero minha vida sem signos orientais, sem barbas e lábios. Quero minha vida só de presente, sem planos e estradas. Sentir saudade é matar e morrer um pouco.
Eu quero um copo d’água, uma lagoa de vodka e 2/3 de ar e se não for querer demais, alguma sensação de paz.

Instante só

Dance, dance, dance