Aparando arestas

domingo, 26 de julho de 2009

sábado, 25 de julho de 2009

Gatinhos do Ingá

A lista dos gatinhos do bairro
há tempos anda defasada.

O Robert de Niro da banca de jornal
na Presidente Pedreira,
simplesmente desapareceu.
Deve ter se mudado em
definitivo para Hollywood.

O recepcionista blasée do salão da
Visconde de Morais
não trabalha mais no estabelecimento.
O enigmático rapaz que tinha ares de ambição,
a essa hora deve gerenciar um desses "w" chicosos:
Werner's ou Walter's coiffeur.

E o garçom chuchu da pensãozinha?!
Aaaaaa. Uma pena!
Mas é difícil almoçar lá em vida pós-universitária.
Falta companhia, coragem e disposição para ingerir
o combinado de gordura e euforia "calourística".
Ainda o vejo de vez em quando.
Belo e esporádico passando pela rua
em sua bicicletinha amarela:
bermuda, havaianas e cabelos ao vento.

Restam os irmãos Jóia na Tiradentes.
Ao menos uma vez por semana,
pãezinhos, pó de café - ou qualquer outro
item essencial à minha despensa -
me servem de pretexto para ir no mercadinho.
No caminho, sigo torcendo para que 1 deles esteja lá.
Com sorte, encontro os 2
e me decepciono quando é o turno do pai.

A lista precisa se renovar.

Há cerca de dois meses, portando
comprovantes de residência,CPF e carteira de identidade,
entrei na locadora da Paulo Alves.
Fiz uma ficha e de lambuja obtive a
adesão de mais um membro ao clube.
A caminho do Sendas, faço questão de
passar naquela calçada na intenção de,
através da vidraça, conseguir fitá-lo.

Ontem o moço da locadora que,
há mais de 1 mês liderava o ranking,
perdeu o posto para o funcionário dos correios
no outro lado da rua.
Mudei de calçada a caminho do Sendas.

O ragazzo dos correios além de conquistar
o mais alto patamar da lista,
arrebatou meu coração.

Branco, magro, nem alto nem baixo.
Cabelo castanho, meio arrepiado,
um par de olhos irresistíveis e
uma boca incrivelmente cativante.
Na mão direita, dedo anelar, um anel suspeito.
É apenas um anel, tem que ser só isso.
Não tem jeito de noivo e estou certa de que
divide seu tempo entre o guichê nº 2 e
alguma outra atividade.
Por trás de carimbos e selos,
pitadas de humor e descontração
atípicas em pessoas que
desempenham esse tipo de trabalho.
Pode ser que seja músico, desenhista,
estudante de comunicação ou poeta.
Talvez não faça nada disso,
talvez seja apenas concursado e ponto.

Pena que hoje é sábado.
Estava disposta a passear pela Paulo Alves
e convidar o gatinho para carimbar
correspondências aqui em casa.

Pode ser que um dia eu tenha o devido atrevimento de
informa-lhe que ele foi o vencedor do
Ingá's Kitten Competition e que seu prêmio o aguarda
na segunda porta à direita
do apto 301 na Hernani Mello.

terça-feira, 14 de julho de 2009

Dr. M., la la I love you

Não, eu não consigo desistir do amor romântico.
Não, eu não consigo.
Eu tento, tento, tento
tento novamente e quando começo a endurecer,
eis que surgem corações cor de rosa na calçada.
Amoleço, tropeço e caio de cabeça.

Costumava achar dentistas meio patéticos e
seus consultórios completamente repulsivos.
Entretanto, depois de um tratamento dentário
que está durando mais de 6 meses,
começo a entender porque algumas mulheres
traem os maridos com essas figuras.

Hoje eu dedico meu coração ao meu dentista.
Não é bonito, não tem aproach,
meio pançudo e coisa e tal.
Ai, não sei...
Alguma coisa nele mexe comigo.

Estou tratando o último dente inferior e
o acesso não é muito fácil.
A cadeira fica muito enclinada pra trás e
minha cabeça meio encostada em seu peito.
É tão perto que se não fosse o
maldito barulho daquele motorzinho,
poderia ouvir seu coração batendo.

Dia desses deitada lá ao som de
minnie riperton cantando loving you,
não resisti e me apaixonei.

Num dos raros momentos em que consigo abrir os olhos,
vi que seu rosto estava completamente respingado
de coisas saídas da minha boca.
De alguma forma, aquilo me comoveu e excitou.
Provavelmente porque eu mesma teria nojo daqueles
respingos - ainda que fossem meus.
Ele não. Ele não tem nojo, não tem medo e
não me deixa sentir medo.
Ao contrário, sua voz é suave e sedutora.
Não importando o que ele fala, suas palavras
saem mansas e doces em tom de incentivo:
"agora abre a boquinha pra mim, bem grande"
"segura aqui pra mim (o sugador)
iiiisssssoooo, assim tá ótimo!"
"tá doendo? então eu vou mais devagar"
"vai lá, cospe com vontade".

Como se não bastasse esse conteúdo erótico,
ainda tem os momentos em que cuidadosamente,
apóia uma das mãos no meu maxilar...
e eu fico ali...
deitada de boca aberta e olhos fechados;
minha cabeça em seu colo e
seus dedos vez ou outra a passear pelos meus lábios.
Sonho coisas que ele seria incapaz de imaginar e
vou ao delírio quando, ao fim da sessão,
ele limpa meu rosto com um lenço de papel.
Uma carícia sutil para finalizar o extenuante encontro.

segunda-feira, 13 de julho de 2009

escolhas

Estou encurralada entre o muro de chapisco e o arame farpado;
Dividida entre a cruz e a espada.
Os campos estão floridos, é verdade. Mas andar descalça sobre coroas de cristo e roseirais é... complicado.
O que têm me oferecido varia entre a titica e a bosta, e acabo trocando 6 por 1/2 dúzia quase sempre...
Torço para que não tarde a chegar o dia em que as opções variem entre boas, muito boas ou maravilhosas.

quinta-feira, 9 de julho de 2009

o lago


esse é um extinto lago na minha antiga casa. Foram-se os peixes, ficaram as lembranças...

quarta-feira, 8 de julho de 2009

crise


Eu me chamo trinta e estou completamente falida.
Perdi o emprego, a vida social, o respeito da minha família e alguns quilos.
Meu guarda-roupa não me serve mais e o que serve está um lixo.
Perdi a dignidade e a noção de quanto tempo faz que aconteceu tudo isso.
O lado bom dessa crise é que eu também perdi o medo, as lágrimas e a vergonha na cara.

segunda-feira, 6 de julho de 2009

Pendências

Quero encontrar nos próximos dias:

1) o nome da música do comercial do rexona naturals,
2) uma receita de bolo de laranja que não sole;
3) solução para o meu bruxismo;
4) o endereço de um bom curandeiro;
5) um par de sapatos novos (em liquidação);
6) o telefone do Hugh Jackman;
7) uma mala sem dono repleta de dólares;
8) yoga grátis
9) meu anel de madeira que perdi
10)remédio pra nevralgia intelectual e disritimia espiritual.

love stinks

Hoje vi uma coisa que me fez pensar que
o amor alheio quando revelado publicamente,
os olhos recalcados, incomoda e
as narinas sensíveis simplesmente faz arder.
O amor alheio às vezes fede.
Admitir isso pra si mesmo é custoso,
admitir publicamente pode ser humilhante e depõe contra.
Trabalhar o ressentimento não é para todos,
superá-lo menos ainda.

love stinks

domingo, 5 de julho de 2009

le marriage

Era sábado à noite.
Não tinha muito o que fazer.
Chovia forte e estava sozinha em casa.
Fui ao supermercado comprar os ingredientes para o jantar.
Estava escolhendo batatas quando, sem mais nem porquê
fui atropelada por um carrinho desgovernado.
Indignada, olhei pra trás e me deparei com o condutor.
Seus grandes olhos castanhos e a barba por fazer roubaram-me o fôlego.
Antes que pudesse dizer alguma coisa,
ele sorriu, sacou uma couve-flor de dentro da bancada,
entregou-a a mim, ajoelhou-se aos meus pés e me pediu em casamento.
Naquela noite pus um prato a mais na mesa e
antes de embarcarmos em lua-de-mel,
nos refestalamos com um delicioso buquê gratinado.

shirley pantera


Shirley Pantera nasceu para brilhar!

primavera

por mim tanto faz se o mundo acabar
desde que seja primavera e
haja muitas flores.

e se ela me engolir?!