Aparando arestas

sábado, 18 de setembro de 2010

Rebarbas do cotidiano

A chuva que cai ali fora;
A iluminação fraquíssima da rua;
O quadro dos Beatles do vizinho ali da frente;
O porteiro do prédio recolhendo as lixeiras vazias;
A noite cinza e preta de um céu sem estrelas nem lua;
O vento gelado que sopra do mar;
A brecha curvilínea da janela que proporciona essa vista.
Tudo isso agita acalmando.
Acalma o corpo e atiça o resto.
Todo o vasto e ininteligível aglomerado de
sonhos, pensamentos, desejos, ímpetos e sensações
que vulgarmente chamo de resto.

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