Aparando arestas

sábado, 19 de junho de 2004

Canção, de Cecília Meireles

“Nunca tivera eu querido
dizer palavra tão louca:
Bateu-me um vento na boca,
e depois no teu ouvido.

Levou somente a palavra,
deixou ficar o sentido.

O sentido está guardado
no rosto com que te miro,
neste perdido suspiro
que te segue alucinado,
no meu sorriso suspenso
como um beijo malogrado.

Nunca ninguém viu ninguém
que o amor pusesse tão triste,
essa tristeza não viste,
e eu sei que ela se vê bem...
só se aquele mesmo vento
fechou teus olhos também...”

Nenhum comentário: